sábado, 31 de março de 2012

     Nós humanos somos muito imediatistas, isso é o que nos leva a preferir pagar parceladamente do que à vista, pois não sentimos que estamos pagando muito, quando, na verdade, estamos pagando mais ainda do que pagaríamos à vista. E por causa desse imediatismo todo eu perdi minha paciência e resolvi testar a possibilidade de fazer aquilo de me isolar dos outros e gastar o meu tempo em projetos pessoais e estudo nesta última segunda-feira. É difícil, considerando que em mais da metade do tempo fico acordado eu estou na escola, onde meus amigos estão e o processo de desapego é lento, ainda mais nessas condições.
     Na primeira semana tentando fazer isso eu me decepcionei um pouco comigo mesmo por não conseguir me isolar e acabar caindo em conversa com os outros, mas é como eu disse: o processo de desapego é lento. E outra coisa que eu disse é que eu perdi minha paciência, mas...paciência do quê? 
     Acho que é meu medo de ver minha vida passar, meu desespero passivo por arranjar uma namorada e o meu medo de ser rejeitado por amigos fizeram eu acreditar que me isolar me tornaria imune ao sofrimento (me dei conta disso escrevendo agora). E agora eu não sei se volto atrás ou sigo em frente com essa história de isolamento.
     Na última quarta-feira, pra complicar ainda mais minha cabeça, houve uma saída a campo do curso técnico, onde fomos à alguns pontos da cidade pra conhecer o melhor o bioma da região. Quando voltamos à escola, meu pai se atrasou pra me buscar e eu fui o último a ir embora. Até os professores foram embora antes de mim, e um deles, o que ensina física para o 3º ano, por conhecer os meus pais me perguntou como eu vou e depois me perguntou se eu já decidi qual faculdade eu desejo fazer, eu disse que não me decidi, mas que tenho preferência pelas ciências exatas. Ele ficou feliz, me falou algumas coisas e depois me disse:
     _A gente não se arrepende, sabe?
     Das pessoas que eu conheço e já tiveram aula com ele, nenhuma não ama as aulas dele, nenhuma não chama ele de gênio, eu já ouvi dizer que ele foi eleito o melhor professor do estado, mas também ouvi dizer que ele é louco e que ele nunca teve filhos nem namorada. Ouvir um "a gente não se arrepende" dele me arrancou uma lágrima depois que ele saiu, fez eu me questionar sobre o isolamento e sobre quem eu quero ser na vida, não sobre a minha profissão, sim sobre o meu eu pessoal, mas eu ainda não cheguei a uma conclusão e nem acredito que chegarei, pois, essa decisão nunca é definitiva, eu posso ser alguém agora, mas se eu quiser, eu posso mudar ainda hoje ou quando eu quiser sempre.

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